domingo, 23 de janeiro de 2011

Aquilo que a morfina não adormeçe.

Luto,com tudo que tenho,só para voltar a ser eu.
Tentei durante muito tempo tornar-me em algo, algo de que eu mesmo me orgulha-se,e consegui.Mas do nada,senti como que se me tivessem roubado tudo aquilo que construí.Senti o mar de suor que rodeava o meu paraíso,fugir por entre os grãos de areia que eu próprio tinha espalhado.Senti espetarem-me uma faca no peito e de seguida apertarem-na contra a pele rasgada pelos estragos dessa mesma lâmina.
A dor física foi das mais intensas que já senti na vida,mas a dor que me circulava no sangue,a angustia que me circulava nas veias,foi mil vezes pior.
Coisas que eram banais tornaram-se obstáculos,e os dias castigos.
Hoje estou melhor do que estava antes,as feridas que me agarravam a mão com o tempo desapareceram,e agora apenas as mais teimosas persistem,teimam em não me largar,fazendo com que tente perceber se há uma razão para um dia terem chegado.
Aquelas que me agarram aquilo que de menos fisico eu tenho,são as que mais me tornam dependente.Acamparam no meu coração,e fizeram sombra sobre a personalidade que cresceu comigo,aquela que me impede de cair quando o chão me escorrega por baixo dos pés.Desta vez o chão não só escorregou,desapareceu.
Perguntei-lhe: porque eu? ele nunca respondeu.
Vi o calendário desfolhar-se lentamente,esperei,desperei...continuo a desperar.
Sinais de que a gravidade voltará a entregar-me o chão estão a aparecer,e eu não consigo ficar calmo.
Lá no fundo eu sei que essa base que me vai apoiar novamente,vai ter falhas,buracos,mas sei também que com tempo,vou olhar para trás e esses buracos ,essas falhas,não passarão apenas de pequenos pontos da minha vida ,em que tive de sofrer para me tornar mais forte.

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